- Área: 200 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Norbert Wunderling
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Fabricantes: Nemetschek, Nobel Wood
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto da Casa Potato Shed é composto por três edifícios de uma antiga fazenda na zona rural de Tilburg, no sul da Holanda; estes edifícios originalmente serviam a distintas funções, entre elas (I) a antiga sede da fazenda (tombada pelo patrimônio histórico), (II) um grande estábulo para cavalos e (III) uma pequena manjedoura transformada em depósito de batatas. O que faz destes edifícios - tão distintos em programa - um conjunto coeso, é a austeridade de sua arquitetura. Passear por este lugar nos transporta de volta no tempo, quando não havia nada além de galpões e campos de batata. Poeticamente, a atmosfera no interior destes edifícios austeros, principalmente no interior da antiga sede da fazenda, nos remetia ao famoso quadro de Vincent Van Gogh, Aardappeleters, ou “Os comedores de batata”. Reformar a estrutura da antiga casa para transformá-la em uma residência moderna, exigiria fazer certas concessões e com isso, arruinar boa parte das suas características únicas. Decidimos portanto, transformar esta estrutura compacta em uma modesta casa de hóspedes, construindo a nova casa da família onde antes funcionava o antigo armazém de batatas. Por outro lado, o estábulo passou a ser um espaço flexível que pode ser utilizado como ateliê ou espaço para festas.
O depósito de batatas
Primeiramente, procuramos preservar todas as características originais da arquitetura do galpão. Mantendo a sua volumetria inicial, decidimos por utilizar o mesmo tipo de revestimento de fachada na cobertura do edifício. Em seguida optamos por recortar grandes aberturas que pudessem permitir uma melhor iluminação e também apropriar-nos das amplas vistas para a paisagem da fazenda. Acompanhando estes generosos panos de vidro, criamos algumas portas que encontram-se ocultas por trás de delicados recortes no revestimento de fachada, que por sua vez cumpre o papel de veneziana - permitindo a constante ventilação natural da casa durante o verão.
Transformar a estrutura de um antigo depósito de batatas em uma casa do século XXI, demandava contemplar uma série de instalações e sistemas que não estavam previstos. Pensando nisso, decidimos por criar uma espécie de shaft exterior que incorporasse a maior parte destes elementos, revelando-se como uma chaminé para quem vê a casa a partir do lado de fora. Com isso, fomos capazes de manter o perfil interior do galpão, liberando os espaços da casa de todos estes elementos técnicos permitindo assim uma maior integração dos espaços e favorecendo ainda a relação interior-exterior.
Revestimentos. Durante uma visita técnica ao local, em uma tarde quente de verão, nos reunimos sob a estrutura do antigo galpão, um espaço agradavelmente sombreado e por onde passava uma brisa agradabilíssima. Além disso, feixes de luz atravessavam o espaço por entre as frestas das tábuas que revestiam o edifício. Neste momento percebemos que tudo aquilo que precisávamos, já estava ali fazia muito tempo. Eram aquelas frestas no revestimento de madeira que criavam a atmosfera que estávamos procurando, a qualidade da luz e a ventilação constante, um filtro entre o espaço interior e exterior. A partir dai, pesquisamos diferentes materiais que pudessem atender nossas expectativas, e como não conseguimos encontrar nada que se parecesse com aquilo, utilizamos a própria madeira disponível cortada em pedaços menores.
A madeira serrada foi então tratada com um produto natural extraído da cana-de-açúcar e depois fixadas em barras de alumínio para secar. Depois deste processo, as marcas das barras de alumínio ainda são visíveis, conferindo à madeira características únicas. Neste processo de fabricação, a madeira deve ser aplainada antes de ser serrada em pedaços menores. Mas a nossa intenção era alcançar uma materialidade que estivesse mais próxima dos demais edifícios da fazenda, por isso solicitamos que a madeira fosse deixada em seu estado bruto, sem passar pelo processo de aplanamento. Com isso, ganhamos tempo e evitamos desperdício de material, resultando ainda em uma economia considerável no orçamento global da obra.